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Vida humana no fundo do oceano será possível a partir de 2027


Créditos: reprodução Deep

Na cidade portuária de Bristol, a 190 km a oeste de Londres, está sendo desenvolvido um Campus onde serão ministradas aulas de mergulho para os futuros residentes do conjunto habitacional Sentinel, a ser erguido a 200 metros no fundo do mar. Planejado para estrar em 2027, o Sistema Sentinel está sendo desenvolvido pela Deep – Engineering Wonder, por meio de uma equipe que soma por volta de 90 pessoas, incluindo engenheiros navais, engenheiros eletricistas, engenheiros de controle, engenheiros de comunicações, arquitetos navais, mergulhadores de saturação, médicos hiperbáricos, oceanógrafos, cientistas de materiais, engenheiros de fatores humanos, só para citar alguns.

“Todos os nossos especialistas no assunto compartilham a mesma sala e trabalham juntos”, diz o diretor do Sentinel, Rick Goddard, que iniciou sua carreira como arquiteto naval, passando 15 anos trabalhando no setor marítimo, especialmente em projetos complexos de navios e submarinos. “Este é um trabalho dos sonhos, estamos realmente ampliando os limites da engenharia submarina e fazendo algo que mudará a forma como os humanos acessam o oceano. Posso falar por toda a equipe quando digo que estamos trabalhando em algo muito especial!”

As estruturas estão sendo impressas em 3D por robôs usando aço carbono macio e um material chamado Inconel, que é uma superliga à base de níquel-cromo. “É um material muito resistente à corrosão, muito forte, que será impresso em cima do aço em áreas onde queremos proteção extra contra corrosão ou onde temos faces de acabamento. É importante dizer que todos os equipamentos e processos que estamos desenvolvendo para conseguir isso será desenvolvido em conjunto com a DNV (sociedade de classificação da indústria marítima)", destacou Goddard.

O Sentinel é equipado com quartos privativos, chuveiros, banheiros, áreas de trabalho, áreas sociais e áreas de jantar – permitindo que os residentes inicialmente permaneçam confortavelmente debaixo d’água por até 28 dias. Dependendo da profundidade de implantação, o ar será complementado com hélio. "O hélio traz muitos desafios do ponto de vista do equipamento e da comunicação. As vozes das pessoas serão impactadas pelo uso do hélio, por exemplo. Teremos que colocar filtros nos aplicativos de videochamada para que parentes e amigos possam entender os ocupantes do habitat", comentou Goddard.

Isso não é tudo em termos de comodidades: o Wi-Fi também estará disponível. "O fluxo de informações é fundamental para o sucesso de uma implantação do Sentinel, permitindo a colaboração com colegas, o monitoramento em tempo real de uma implantação e a comunicação com entes queridos e com a casa. Central para isso é o fornecimento de uma conexão de alta largura de banda obtida usando uma bóia de superfície com cabos descendo para o Sentinel." O engenheiro-chefe explicou que a energia virá de uma combinação de armazenamento local, captura de energia solar, eólica e das ondas. “Estamos nos reunindo com empresas do ramo e vendo o que há de novo na geração de energia porque queremos construir algo que já esteja atualizado, que funcione para os próximos trinta anos. usar a combinação mais eficiente de armazenamento de energia localizado no fundo do mar e energia renovável de superfície/subsuperfície". Baterias integradas também estarão a bordo para fornecer uma fonte de energia de emergência.

Energia será necessária para, entre outras situações, manter as instalações aquecidas. O hélio adicionado ao ar pressurizado das cabines conduz calor para fora do corpo e faz com que os humanos ali instalados sintam mais frio do que o normal. “Nós providenciaremos as roupas adequadas para isso, mas o aquecimento também será importante para o conforto”, pontuou Goddard. Com essas medidas a temperatura deve ficar em torno de 32º celsius para que ele se sinta confortável.

Como é sempre noite no fundo do mar, foi dada especial atenção à iluminação externa para que os habitantes possam vislumbrar o seu entorno único. Tendo a segurança como a mais alta prioridade, os testes são cruciais – todos os equipamentos, incluindo lâmpadas, computadores portáteis, etc., serão adaptados para acomodar a pressão do ambiente subaquático, bem como o ar fortificado com hélio.

Beatriz Leal Craveiro / Equipe de Comunicação do Confea

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