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Detalhes da tragédia da Boate Kiss são apresentados em palestra da 70ª Soea


Auditório lota para ouvir especialista. Créditos: Larry Silva

Incêndio na Boate Kiss – a tragédia que a fiscalização poderia ter evitado foi uma das palestras mais esperadas da 70ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea). Proferida na tarde desta quarta-feira (11), pelo eng. civ. Telmo Brentano, que também é especialista em engenharia de incêndio e autor do livro “Instalações Hidráulicas de Combate a Incêndio nas Edificações”, a apresentação foi prestigiada por fiscais e inspetores do  Crea, engenheiros, tecnólogos e técnicos das mais diversas modalidades.
Segundo Brentano, a tragédia, ocorrida em Santa Maria (RS) e que matou 242 pessoas em janeiro deste ano, poderia ter sido evitada com medidas simples. “Se no local tivesse um extintor com pelo menos 10 litros de água funcionando, o fogo teria sido apagado”. O engenheiro foi um dos profissionais que fizeram o levantamento técnico do local, após o acidente. O trabalho norteou a comissão designada pelo Crea-RS na  elaboração do parecer técnico.
Para solucionar os principais problemas das fiscalizações dos planos de emergência das edificações, Brentano sugere a incorporação do profissional de engenharia nos grupamentos dos bombeiros militares do Brasil. “É uma solução de baixo custo e que reduziria bastante as ocorrências se todos os estados implantassem”, enfatiza. O palestrante reforçou ainda que o maior vilão das tragédias é a pós-ocupação, ou seja, após a inauguração dos espaços, sempre existem alterações que não são comunicadas aos órgãos competentes.
De acordo com o especialista, os incêndios acontecem devido à ação humana e à falta de obediência às normas existentes. “No caso da boate Kiss, por exemplo, o revestimento utilizado foi escolhido porque custava pouco, e não porque era o adequado. O resultado foi praticamente 80% das mortes por causa da intoxicação ocasionada pelo produto inflamável”, explica. 
Prevenção no patrimônio - O engenheiro civil Clóvis da Silva Souza Filho, que atua no grupamento dos Bombeiros do Maranhão, chamou atenção para as restrições arquitetônicas de edificações tombadas pelo patrimônio histórico. Segundo ele, a maioria dos prédios possui estruturas de madeira que facilitam a combustão e dificuldades em implantar medidas de segurança em estruturas antigas. “Fica muito difícil abrir portas de emergências nas paredes destes casarões, que muitas vezes estão coladas uma nas outras”, complementa.
Telmo Brentano sugeriu aos engenheiros que trabalham em conjunto com os bombeiros a usar alternativas como equipamentos móveis e treinamento das equipes para evitar acidentes em edificações tombadas pelo patrimônio público. O especialista ainda acrescentou que o estado de São Paulo possui a melhor legislação na área de prevenção a incêndio do Brasil, sendo modelo para o Mato Grosso e também para o Rio Grande do Sul.
O conselheiro do Crea-BA e diretor da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Luis Edmundo Prado de Campos, lembrou um incêndio ocorrido em um dos campus da instituição de ensino baiana e das barreiras impostas, na maior parte das vezes, por medida de segurança, que prejudicam a evacuação na hora do acidente. “A gente vê com certa frequência escadas de incêndio com entulho e portas da saída de emergência fechadas por uma questão de segurança patrimonial”, comenta. O professor Brentano constatou o problema em uma fiscalização feita seis meses após o acidente da Kiss nas boates de Porto Alegre.
Equipe Confea e Creas


 

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