Notícia

Diversidade e Inclusão nas Ações de Fiscalização é tema de palestra promovida pelo GAF


Créditos: Arquivo CREA-RS

Na tarde desta segunda (24), agentes fiscais de todos os Conselhos participaram de uma live, via YouTube, da psicóloga Roberta Gomes, presidente das Comissões de Comunicação e Relações Étnico-Raciais do Conselho de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS). Pelo CREA-RS, estavam conectadas 14 pessoas.

Iniciativa do Grupo de Agentes Fiscais (GAF), do Fórum de Conselhos e Ordens das Profissões, a palestra bem esclarecedora teve como objetivo oportunizar o uso das tecnologias para ampliar o alcance de temas importantes para o dia a dia e reflexão dos agentes fiscais, como “Diversidade e Inclusão nas Ações de Fiscalização dos Conselhos de Fiscalização Profissional”.

Everton Borges, coordenador do GAF, abriu a reunião relembrando os objetivos do Grupo – como a troca de informações e o aprimoramento das funções de fiscalização – e as ações que ocorreram em conjunto. O grupo realiza reuniões mensais itinerantes e promove também seminários, cursos. No total, já ocorreram dez ações de fiscalização conjunta, envolvendo a Boate Kiss, a Copa do Mundo, os Procons, entre outros.

O coordenador ressaltou ainda que a ideia é trazer outras palestras e temas na versão virtual da reunião, para que possam alcançar um número ainda maior de agentes de fiscalização, administrativos e até mesmo diretores dos diversos Conselhos de Fiscalização.

O objetivo da pauta da reunião, segundo ele, foi “trazer diversas informações para melhorar a nossa conduta enquanto agentes de Fiscalização, de como perceber as necessidades e utilizar essas informações para que se evite o preconceito e situações preconceituosas que possam advir dessas relações entre o fiscal e o fiscalizado.”

 Racismo, inclusão social, feminismo e orientação e identidade de gênero

 Estes foram os temas da palestra da psicóloga Roberta Gomes, que logo no início ressaltou que vivemos um momento importante para trabalhar as temáticas de diversidade e inclusão, sobretudo nas ações dos agentes fiscais.

A psicóloga apresentou os conceitos de diversidade e inclusão, fazendo um panorama histórico para a sua compreensão. Segundo Roberta, é “preciso fazer um paralelo histórico do que ocorreu no passado, porque, na atualidade, no Brasil e no mundo, a violação dos direitos humanos vem sendo aprofundada”.

Os dados apresentados pela psicóloga ressaltam a importância de debater sobre a questão da diversidade e da inclusão no Brasil.



A palestrante abordou ainda a questão da exclusão social e das minorias. Para ela, as minorias muitas vezes acabam sendo maiorias, e questiona: “Que minoria é essa onde a maioria da população, 56%, é negra?”

Ressaltou ainda a importância da inclusão social para a promoção da diversidade e do combate à segregação social. Roberta finalizou o primeiro tópico destacando que não é preciso padronizar as pessoas e que é fundamental o respeito às diferenças.

 Racismo

No primeiro tema abordado, racismo, a psicóloga Roberta Gomes falou do processo histórico de discriminação por raça, que se dá por práticas conscientes ou inconscientes e que podem parecer naturais, mas que não o são. Ressaltou ainda que a prática do racismo está diretamente ligada à escravização e à sociedade capitalista.

A palestrante reforçou a existência de privilégios sociais que costumam acompanhar quem pratica o racismo, e de desvantagens de quem sofre com ele, o que gera as desigualdades sociais – o que se torna visível ao analisar dados sobre a relação entre a população negra e questões sociais como saúde pública, violência, prisões, óbitos, tratamento policial.

Roberta explicou ainda a relação da miscigenação com a tentativa de embranquecimento da população e que o conceito de “democracia racial” não existe. Em sua manifestação, mostrou que branquitude não é apenas nascer com determinados genes, mas é algo social e que envolve posições ocupadas na sociedade. “Mesmo que uma pessoa branca seja pobre, ela tem menos barreiras sociais, devido ao seu privilégio.”

Foram abordadas ainda expressões e palavras racistas para serem retiradas do vocabulário, como “mulata”, “esclarecer”, “a coisa está preta”, entre outras, tão normalmente usadas entre os grupos.

 Orientação e identidade de gênero

A psicóloga abordou também a questão da orientação e identidade de gênero, assunto que, segundo ela, pode ser confuso para algumas pessoas. Dessa forma, buscou orientar os profissionais a respeito dos tratamentos que devem ser dados.

Roberta diferenciou os termos identidade de gênero (cisgênero ou transgênero), expressão de gênero (feminino, andrógina e masculino), sexo biológico (feminino, intersexo e masculino) e orientação afetivo sexual (heterossexual, bissexual e homossexual).

Em relação ao movimento LGBTQIA+, desmembrou a sigla para explicar cada parte que a compõe: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgênero, Transexual e Travesti, Queer, Intersexual, Assexual e outras possibilidades, como os pansexuais.

Roberta finalizou o tópico abordando a questão do nome social, que é o nome pelo qual pessoas travestis, transexuais ou outros preferem ser chamados, e que passou a ser obrigatoriamente respeitado por lei em 2016.

 Pessoas com deficiência

A psicóloga esclareceu o termo correto para se referir a Pessoas com Deficiência (PcD), ressaltando que termos como “portadora de deficiência” ou “necessidades especiais” não são mais aceitos. Destacou ainda a necessidade de evitar frases e termos preconceituosos, como “excepcional”, “ceguinho”, “retardado” e outros.

Feminismo

Por fim, Roberta abordou o feminismo, que se trata da luta por direitos sociais, econômicos e políticos para as mulheres. Relembrou que, ao contrário do que muitos acreditam, o feminismo não é o oposto do machismo, que acredita que o homem é superior à mulher – a corrente com pensamento similar é o femismo.

Em sua explicação, diferenciou e explicou os termos mansplaining, manterrupting, manspreading, gaslighting e micromachismo, ampliando o debate sobre objetificação, patriarcado, cultura do estupro, feminicídio e misoginia.

Ao final, os participantes elogiaram a palestra da psicóloga Roberta e parabenizaram o GAF pela iniciativa. Ressaltaram também a importância de debater e sensibilizar para este assunto, promovendo uma conduta apropriada para os agentes fiscais, no intuito de não disseminar preconceitos.

A palestra online também contou com a participação de agentes de fiscalização de conselhos profissionais de outros Estados, com mais de 420 acessos de visualização da palestra, transmitida por link restrito no YouTube.

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