Confea na Rio+20: Pampa é tema de painel sobre cidades sustentáveis
Durante um dos painéis da tarde desta terça-feira, 19/6, o “Committee 21 – Sustainable city: a concrete utopia” (Cidade sustentável: uma utopia concreta – em tradução livre), o presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam), Carlos Fernando Niedersberg, descreveu a situação do estado gaúcho em relação ao desenvolvimento sustentável.
Na ocasião, ele apresentou dois projetos em desenvolvimento no Rio Grande do Sul. O primeiro, o RS Biodiversidade, tem como objetivo estancar a perda do Pampa, bioma que, no Brasil, existe apenas no Rio Grande do Sul. “O Pampa já foi afetado em 54% de sua extensão. Estamos trabalhando propostas de recuperação”, afirmou. A partir de medidas que englobam desde educação ambiental a punição por uso inapropriado dos recursos do bioma, o programa conseguiu estancar a perda do Pampa e até reverter a degradação em alguns aspectos, conforme explicou o químico Niedersberg. Segundo ele, a silvicultura é uma das atividades que podem estar prejudicando o Pampa. “Hoje, cerca de 20% do espaço do bioma é ocupado pela silvicultura”, completou.
outro programa apresentado pelo presidente da Fepam foi o Arqueoenergia, plano elaborado em parceria com uma agência ambiental francesa, que monitorou e diagnosticou toda a situação ambiental do Rio Grande do Sul e identificou os gargalos em relação às mudanças climáticas. Desse trabalho, resultaram-se 150 proposições para que o impacto das emissões sejam minimizados. “Agora estamos na segunda fase, que é justamente a aplicação desses projetos”.
Sobre matriz energética, após relembrar a todos de que o Brasil é famoso por sua matriz limpa, com grande participação de hidroelétricas, ele comentou que no Rio Grande do Sul não é diferente. “No entanto, agora estamos aumentando a produção de eólica. Em 2001 tínhamos no Rio Grande do Sul 0.1% da matriz energética gerada por eólica. Hoje temos 7%. A previsão é aumentar para 8% nos próximos cinco anos”, explicou.
Destinação do lixo
Na opinião de Niedersberg, dentro do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, os especialistas devem passar a tratar o lixo não mais como algo a ser descartado, mas sim como ativo econômico, talvez matéria-prima para geração de energia. “Hoje um catador pode fazer R$ 600 com o lixo que coleta. Isso ainda é muito pouco. Precisamos achar meios de agregar valor aos resíduos”, afirmou. “Esse dilema de o que fazer com nosso lixo é um dos mais mal-resolvidos no Brasil. Os governantes pensam: tratar o lixo custa muito caro, então vamos enterrar. Mas esse paradigma não corresponde mais à realidade dos resíduos sólidos urbanos”, opinou. Ele explicou que, primeiro, há mais possibilidades de reciclagem, ou seja, fazer um filtro maior do que realmente necessita ser descartado. Além disso, o que não puder ser reciclado pode oferecer outras possibilidades. “Os orgânicos podem fazer compostagem e os resíduos que não são orgânicos podem gerar energia. Visitei várias experiências na França em que cidades de porte médio (400 mil habitantes) são inteiramente providas de energia por meio do lixo”, mencionou.
O “Committee 21 – Sustainable city: a concrete utopia” integrou a programação da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20.
Confea