Sistemas de Georeferenciamento
Eng. Florestal Pedro Roberto Madruga falou da preocupação com a escassez de profissionais que atuam com georreferenciamento . Créditos: Arquivo CREA-RS
Encerrando o encontro Código Florestal e Propriedade Rural, realizado na última semana pelo CREA-RS, os professores da UFSM, os Engenheiros Florestais Dr. Pedro Roberto Madruga e Dr. Enio Giotto, apresentaram as Geotecnologias na delimitação de APPs e o uso do Sistema CR Campeiro7, produzido dentro da universidade, para Mapeamento do Cadastro Ambiental Rural. Ambos criticaram alguns itens da proposta do Governo Federal com o CAR, como o uso de imagens caras e de baixa resolução e de o cadastramento terem que ser realizado de forma on-line, o que para os professores tornará complicado o tráfego de informações, reduzindo a eficiência do trabalho.
Madruga iniciou sua fala dizendo que são grandes problemas do Brasil em se falando de geotecnologias o tamanho e a falta de mapas. Também questionou se haverão técnicos suficientes para realizar o cadastramento das propriedades, principalmente as menores de quatro módulos, que somam mais de 400 mil propriedades a serem inseridas no CAR até 2014, à custa do Governo. “Se desta sala saírem 60 profissionais com o mínimo conhecimento em georeferenciamento eu saio um professor feliz”, afirmou.
O professor apresentou um cálculo estimando de um dos motivos que o levam a ser cético quando o CAR, dizendo que para ele existe tecnologia disponível no mercado, mas faltam principalmente técnicos:
378.546 propriedades
- Valor: R$ 200/Prop.
- TOTAL: R$ 75.709.200,00
Quanto tempo?
- 1 técnico: 2 prop./dia
- 40 prop./mês
- 440 prop./ano
- 378.546 prop./440 prop.ano = 860 Técnicos
CÁLCULO DA EMATER:
- Salário Min. Prof. + Encargos = R$ 8.000,00/mês
-13 x 8.000 = R$104.000,00/ano
- R$ 104.000 x 860 = R$ 89.440.000,00
- 89.440.000,00 - 75.709.200,00
- R$.13.730.800,00
Criticou, ainda, o valor e a qualidade das imagens compradas pelo Governo Federal em acordo custou aos cofres federais R$ 28,9 milhões. De acordo com ele, a resolução de 01 para 05 metros é muito baixa, e apresentou exemplos de diversos satélites e sensores com possibilidades de resolução de imagem muito mais precisas e até gratuitas, como as disponibilizadas pelo Google Earth. “Discordamos que essa tecnologia de imagens compradas pelo Governo seja das mais avançadas, como foi noticiado. O mínimo seria um mapeador de dois metros e meio, cinco fica difícil”, ressaltou, dizendo dos problemas de mosaicagem que exigiriam que um técnico fosse a campo com um GSP para buscar as informações. “Por 200 reais ele não vai”, afirma Madruga.
O Engenheiro também questionou a mão de obra para as propriedades maiores de quatro módulos, que necessitam de georreferenciamento e somam mais de 62 mil propriedades. “Para atuar nessa área o técnico tem que ter um curso de no mínimo 360 horas destas disciplinas”, explicou, alertando, mais uma vez, para a escassez de profissionais que atuam com georreferenciamento. “É fundamental que se tenham treinamentos para as pessoas. Elas têm que estar qualificadas, através dos Sindicatos, das Entidades, sob pena de ser possível ao profissional fazer apenas um cadastro por dia e não dois como estamos propondo.”
Também propôs que se adote o mesmo principio da Receita Federal na declaração do IR, com preenchimento das informações off-line, baixando o programa. “Se tiver que sentar com o proprietário na frente do computador não vai funcionar”, analisou. “Além disso com o mapeamento on-line ele só fica com o mapa em papel, não vai ficar com o backup para entregar ao Agrônomo que vai trabalhar depois no uso das áreas.” Madruga defendeu, ainda, que o município seja instrumentalizado o CAR e seja a primeira instância a receber os dados.
Sobre o programa CR Campeiro, apresentado pelo professor Enio Giotto, é um software de agricultura de precisão desenvolvido dentro da UFSM, onde foram adicionadas as informações do Cadastro Ambiental Rural (CAR). “O produtor pode ter uma memória de sua área dentro do próprio computador”, explicou Giotto. Na plataforma é possível adicionar a descrição das áreas consolidadas, APPs, reserva legal, etc, além de não haver limite de quantas propriedades colocar no Sistema.
Giotto explicou, ainda, que o cadastro pelo CR Campeiro comporta inserção de arquivos feitos em diferentes plataformas. “Não existe impedimento de uso de imagens além das compradas do Governo. O uso do Google Maps, por exemplo, além de mais preciso, é atualizado em tempo real pelo programa e ele pode ser usado para medir suas áreas”, destacou, comparando as imagens do Google com as do Governo. “Perde muito em resolução, se entrarmos em uma área de mata mais densa, não conseguimos definir os limites, cada pixel destas imagens que serão cedidas são de 5,2 cm”, criticou.
Revelou que o programa da UFSM permite uma série de controles da propriedade e que estando a quatro anos disponível na internet já ultrapassou os quatro mil usuários e sugeriu que os órgãos públicos usassem esses dados, do CAR, não apenas para fiscalização, mas para auxílio ao produtor. Mais informações sobre o Programa podem ser obtidas em http://www.crcampeiro.net/