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Mais tecnologia na agricultura


Duas entidades ligadas ao Colégio de Entidades do Sistema Confea/Crea e Mútua, a Associação Brasileira de Engenharia Agrícola (Sbea) e a Associação Brasileira dos Engenheiros Agrícolas (Abeag) estão entre os 13 membros que constituem, desde  a última sexta-feira, a Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, criada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Desenvolvida para incrementar a produção agrícola com subsídios científicos e tecnológicos, a Comissão tem suas primeiras discussões oficiais acontecendo até quarta-feira (26/9) no IV Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP), promovido bianualmente pela Sbea desde a última segunda-feira (24/9), em Ribeirão Preto.
Segundo o presidente da Comissão, o engenheiro agrícola e professor da Universidade Federal de Viçosa José Paulo Molin, as discussões para a comissão começaram em 2007, em um simpósio em Viçosa. “Semeamos a ideia de fazer um comitê de agricultura de precisão, como existe em alguns lugares do mundo. O ministério foi receptivo. No ConBAP de 2008, trouxemos o professor que na época coordenava um grupo consultivo do governo americano, que nos deu uma espécie de molde em que nos inspiramos”, conta. Após um período de poucas discussões, as conversas foram retomadas ano passado. “Agora, o ministério achou por bem nomear uma comissão, e assim ela foi publicada. Ela é consultiva, um colegiado para tentar levar ao Ministério da Agricultura os nossos anseios, para que o Ministério leve a outros órgãos da administração, a fim de que seja possível existirmos”, comenta o pesquisador, um dos pioneiros do tema no país.
Para o coordenador do Colégio de Entidades do Sistema Confea/Crea, engenheiro eletricista e técnico industrial Ricardo Nascimento, a participação da Abeag e da Sbea na Comissão, apesar de seu caráter consultivo, demonstra a importância das entidades registradas em um processo de destacada importância para o desenvolvimento do país. “A CBAP será responsável pela difusão e fomento de conceitos e técnicas de agricultura de precisão. Dentre suas atribuições, estão desenvolver programas de treinamento de mão de obra em AP, levantar demandas de pesquisa e encaminhá-las aos órgãos competentes, bem como gerar e adaptar conhecimentos e tecnologias com custo e benefícios equilibrados. Além disso, a Comissão também buscará mecanismos para incluir disciplinas na área de agricultura de precisão em cursos técnicos, de graduação e pós-graduação; elaborar material de divulgação da agricultura de precisão; buscar a inserção da técnica nas políticas brasileiras e criar um banco de dados público das atividades relacionadas à pratica”, descreve Nascimento.
Conceitos e práticas
A agricultura de precisão, segundo a presidente da Sbea, Daniella Jorge de Moura, é um conjunto de ações nas quais você consegue aumentar a produtividade, incorporando inovações que reduzam custos e o resultado seja o mais preciso possível com a tecnologia adotada. “Ampliar a pesquisa e a difusão da agricultura de precisão para médios e pequenos agricultores é a meta das discussões atuais, mostrando sua viabilidade não só para grandes produtores”, acrescenta. Citando o trabalho do professor Molin como referência, ela aponta que a Embrapa e as universidades Federal de Viçosa, Federal de Lavras, a Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz (USP/SP), Unicamp, Unesp e outras universidades lideram as pesquisas.
Para outro pesquisador da Universidade Federal de Viçosa, o também engenheiro agrícola Daniel Marçal de Queiroz, representante titular da Abeag na Comissão, o tema de agricultura de precisão é importante e vem sendo amplamente discutido no país. “Com os resultados, o que a gente precisa é organizar os esforços dos muitos praticantes da agricultura de precisão no país. Esta comissão reúne representantes de vários setores que atuam e de certa forma a ideia é colaborar com o desenvolvimento da tecnologia do país. Teremos ganhos de produtividade, redução de custos, redução de impactos ambientais. Vários ganhos irão acontecer. Hoje, há milhões de hectares que estão sendo cultivados usando técnicas de agricultura de precisão”, diz Marçal, citando experiências com o uso de fertilizantes de acordo com a necessidade, tráfego controlado de máquinas, compactação adequada do solo.
Molin comenta ainda que a discussão sobre agricultura de precisão vem sendo ampliada há cerca de 15 anos no país. “Mas ela só está estabelecida na academia, não está consolidada comercialmente. Precisamos nos fazer conhecer, em muitas instâncias da administração, o que não é uma realidade apenas brasileira, também acontece em várias instâncias do governo americano”. Mesmo assim, ele considera que o tema é uma novidade. "Muitos colegas da academia também não sabem, não tiveram a oportunidade de pesquisá-la com profundidade. Como todo fato novo, precisa ser trabalhado”.
O engenheiro agrícola descreve que, atualmente, na pesquisa acadêmica, têm bastante força os estudos sobre as variabilidades espaciais das lavouras (como analisar geoestatisticamente), sobre sensores para automatização na coleta de dados, softwares, automação e GPS nas máquinas. No lado comercial, Molin registra a utilização do conceito principalmente em duas grandes vertentes: automação das máquinas e indústria de serviços (consultorias, manejo da variabilidade espacial da fertilidade do solo, amostragem do solo, aplicação de insumos sólidos em taxas variáveis). “Comercialmente, a indústria de agricultura de precisão precisa evoluir. E do lado acadêmico, precisamos ter mais grupos envolvidos, mais massa crítica na academia brasileira”.
Apesar deste estágio ainda oscilante, José Paulo Molin se considera otimista ao assumir as discussões da Câmara, que além de órgãos como os Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, Indústria e Inovação, envolve ainda entidades como a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea). “Sou otimista”, diz. “A Câmara nos dá visibilidade. Só a publicação do que está acontecendo nos leva à motivação, a projetar o envolvimento com o Ministério da Ciência e Tecnologia, para que haja chamadas públicas para investimento em agricultura de precisão, na linha acadêmica. E com outros ministérios, para que haja fomento e incentivos práticos”. Durante o encerramento do Congresso Brasileiro de Agricultura Aplicada, na manhã desta quarta-feira, Molin será o moderador de uma mesa em que serão apresentadas experiências de produtores rurais do Rio Grande do Sul, da Bahia, de São Paulo e do Paraná. “Experiências de agricultores em diferentes níveis de sofisticação”, sintetiza.
Fonte: Confea

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