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Passo além da Economia Verde é destaque em evento


Fortificando a parceria já existente, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Sebrae-RS) convidou a Fundação Proamb (Bento Gonçalves) para organizar uma mesa-redonda durante a 21ª edição da Mercopar, que ocorre entre 2 e 5 de outubro, em Caxias do Sul. Então, no dia 4 de outubro, a partir das 17h30min, ocorre no auditório da Feira de Subcontratação e Inovação Industrial o evento promovido pela entidade. A mesa-redonda será formada pelo engenheiro, estrategista e escritor carioca Fernando Almeida, e pelo economista e professor paulista Ricardo Abramovay, com mediação do jornalista gaúcho Affonso Ritter. As inscrições para o encontro são gratuitas e podem ser feitas pelo email eventos@proamb.com.br ou pelo telefone (54) 3055.4338.
Antes da conversa entre os palestrantes e o público, Almeida falará sobre o tema Produção mais limpa no contexto da sustentabilidade. Já Abramovay terá como título de sua palestra Muito além da Economia Verde. Aliás, em uma pequena prévia do que irá desenvolver na mesa-redonda, Abramovay dá algumas pinceladas sobre o assunto na entrevista concedida a seguir pelo especialista à Proamb:


Proamb - Durante a Rio + 20, o conceito de Economia Verde foi mais ampla e abrangentemente trabalhado. Mas a definição não necessariamente tenha ficado clara para o grande público. Como o senhor define Economia Verde?
Ricardo Abramovay - A definição das Nações Unidas é importante e diz que Economia Verde é a que melhora o bem-estar humano e a equidade social reduzindo os riscos ecológicos. Ela se compõe de três dimensões básicas: mudança na matriz energética em direção a fontes renováveis, melhora no uso dos materiais e da energia e, enfim, transição da economia da destruição para a economia do conhecimento da natureza, com aproveitamento sustentável da biodiversidade dos principais biomas.


Proamb - Por que o senhor preconiza, em seu último livro que se vá “Muito Além da Economia Verde”?
Abramovay - Porque, embora muito importantes, as mudanças tecnológicas da Economia Verde são insuficientes para compatibilizar o tamanho do sistema econômico global com os limites dos ecossistemas. O que é necessário enfatizar são duas coisas. Em primeiro lugar, as desigualdades no mundo de hoje deixaram de ser uma questão apenas ética e converteram-se em um obstáculo material para a continuidade do sucesso recente na luta contra a pobreza. Se não forem reduzidas seriamente as desigualdades, não haverá materiais, energia ou espaço carbono para que as necessidades básicas dos mais pobres sejam alcançadas. Isso exige, segundo aspecto, que se repense o próprio sentido, os propósitos, da vida econômica. As sociedades contemporâneas exigem do sistema econômico que ele produza reais utilidades, bens e serviços capazes de melhorar o bem-estar. Os exemplos dos automóveis e da agroindústria alimentar são usados no livro para ilustrar casos em que nem sempre o aumento da riqueza corresponde a verdadeiros ganhos de prosperidade para a sociedade.
 

Proamb - Como o Brasil se situa diante da sustentabilidade? Estamos preparados ou já no rumo do desenvolvimento sustentável? Internacionalmente nossa economia ganhou contornos mais sólidos, mas na verdade, em que pé estamos?
Abramovay - Por um lado, tivemos importante redução no desmatamento na Amazônia (mas não no Cerrado, nem na Caatinga) nos últimos anos. Além disso, a Lei dos Resíduos Sólidos é uma sinalização muito positiva. O etanol e a hidroeletricidade fazem do Brasil um dos países de matriz energética menos suja do mundo. Por outro, porém, as ameaças que o projeto de novo Código Florestal faz pesar sobre nossa biodiversidade e nossa água são imensas. Além disso, nossas cidades são, cada vez mais, o avesso do que intuitivamente se pode entender por desenvolvimento sustentável. Nosso progresso no uso mais racional de materiais e de energia é precário. E o país passa por um processo de reprimarização de sua economia que o afasta da economia do conhecimento e, portanto, do desenvolvimento sustentável.


Proamb - O evento do Sebrae é direcionado principalmente às micro e pequenas empresas. Como essa parcela da economia está e poderá trabalhar a sustentabilidade de forma efetiva?
Abramovay - Por um lado, há um trabalho educativo a ser feito com cada padaria, cada oficina mecânica e cada estabelecimento comercial em torno de práticas acessíveis que se referem ao reuso, à reciclagem e ao menor emprego de materiais. Mas o essencial é que as cadeias de valor das grandes empresas vão tornar-se cada vez mais exigentes sob o ângulo socioambiental e isso pode representar tanto ameaça como oportunidade para as micro e pequenas empresas. Nas condições brasileiras, as chances de fazer transformar o objetivo do desenvolvimento sustentável em fontes de ganhos para o setor privado são imensas, embora as oportunidades de lucro vindas de práticas predatórias ainda existam de forma majoritária. A batalha consiste exatamente em criar as condições para reverter esse quadro e favorecer as empresas e os setores capazes de fazer emergir uma relação construtiva e regeneradora entre a sociedade e os recursos ecossistêmicos dos quais ela depende.
Assessoria de Imprensa Proamb/Fiema Brasil 

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