“Falar sobre assédio não é colocar que sua posição é A ou B. É sobre respeito. Então a gente tem que se libertar das nossas opiniões”, afirmou Bianca Bonassi, especialista em gestão de pessoas e pesquisadora em ciências sociais durante palestra no evento “Seu assédio não tem desculpa”, promovido pelo Confea para os funcionários.
“Como dialogamos sobre os nossos convívios? Muitas dessas pessoas que cometem os assédios também não estão bem”, completou a palestrante, antes de explicar termos como mansplaining, bropriating e gaslighting, do universo do machismo. “Precisamos dialogar dessas diferenças históricas entre os gêneros. Falar sobre assédio é falar sobre nossa capacidade de escuta e acolhimento”.
Psicólogo clínico e mestre em psicologia social no trabalho, o outro palestrante do encontro, Vitor Barros Rego, comparou o público da palestra – em sua maioria formada por integrantes das gerações X e millennial – com os “zoomers”, ou membros da geração Z, que estão entrando no mercado de trabalho agora. Segundo ele, a nova geração tem um nível de entrega ao labor muito menos intensa do que as gerações anteriores. “Nós temos que estar sempre mostrando que estamos produzindo. Eles não têm essa necessidade”.
Ele mencionou, ainda, o conceito de legitimação a conta-gotas, quando um estereótipo vai sendo reforçado aos poucos, por exemplo de que determinada pessoa não é produtiva o suficiente. “Isso já é assédio e às vezes a própria pessoa acredita naquele estereótipo, já tive paciente que me falava que o colega produzia mais que ela”, pontuou. Vitor ressaltou que a partir de 2022 a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) ganhou um segundo A, referente a Assédio, e que deve ser procurada em caso situações do tipo. Um colega integrante da Cipa do Confea, inclusive, Tarcisio Sales, ressaltou o papel da Cipa e colocou a equipe à disposição para acolher os colegas que eventualmente precisarem.
Para o presidente do Confea, Vinicius Marchese, os prêmios e selos de qualidade referentes a excelência no combate a assédio devem ser consequências de um ambiente saudável e não o objetivo final. “Queremos que esse ambiente seja o mais saudável possível. Em 2025 não dá mais para acontecer assédio moral ou sexual. Precisamos saber como ir além do discurso e o que a gente tem que fazer na prática”, afirmou na abertura do evento.
“Falar desse tema deixa a gente um pouco nervosa. É um assunto delicado que precisa ser trazido à tona. Precisamos saber como combatê-lo. Esta iniciativa é marcante, para que consigamos trabalhar esse tema sem tabu, para que as pessoas entendam e consigam conversar a respeito. A base das relações é o respeito. Estou aqui para aprender”, disse a presidente do Crea-AM, Alzira Miranda.
“É uma honra estar aqui. É importante que tenhamos essa cultura de evitar o assédio”, contemporizou o conselheiro federal Osmar Barros. O gerente de Cultura Organizacional e Desenvolvimento de Pessoas, Eduardo Firmino, compartilhou que já estão sendo colhidas informações para a confecção de um mapa que diagnostique a situação do Confea em relação ao tema, para que depois sejam adotadas estratégias adequadas, e que as rodas de conversas com profissionais externos apontadas pelos palestrantes como soluções potentes estão no horizonte de contratações possíveis. “Nosso objetivo é reforçar compromisso do Confea com a cultura de respeito e diálogo aberto, sempre pautando as relações por meio do respeito e da empatia”.
Confira a Política de Prevenção ao Assédio e à Discriminação no Confea
Veja o Manual de prevenção e enfrentamento ao assédio moral, sexual e discriminação do Confea
Leia a cartilha Seu assédio não tem desculpa
Beatriz Leal / Equipe de Comunicação do Confea
