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Câmara Especializada de Engenharia Química divulga nota técnica sobre Arsênio e Arsênico


Créditos: Arquivo CREA-RS

O Arsênio (As) é um elemento químico (nº atômico 33), que se apresenta sob a forma de semimetal, sendo de ocorrência natural em toda a crosta terrestre e presente em mais de 200 minerais, em que a arsenopirita (FeAsS) é o mineral mais comum. Pode ser obtido como subproduto do tratamento de minérios de cobre, chumbo, cobalto, ouro, níquel e zinco.

É o 20º elemento mais comum na crosta terrestre, 14º na água do mar e o 12º no corpo humano, e amplamente conhecido por sua toxicidade. É um metaloide sólido, cristalino, de cor cinza-prateada. Exposto ao ar perde o brilho e torna-se um sólido amorfo de cor preta.

Já o arsênico, utilizado na produção de venenos e pesticidas, talvez o mais famoso dos venenos, é o nome popular de um de seus compostos, o trióxido de arsênio (As2O3) — também conhecido como arsênico branco, que se apresenta na forma de um pó branco.

As formas inorgânicas dos compostos de Arsênio são muito perigosas, enquanto os compostos orgânicos, como a arsenobetaína, essencialmente não tóxica e presente em organismos marinhos e frutos do mar é a principal fonte de Arsênio (elemento químico) na dieta.

O arsênico é um clássico veneno presente em diversas histórias do passado, como arma de envenenadores profissionais. Uma famosa envenenadora da época do Renascimento, conhecida como madame Toffana, fabricava a chamada Acqua Toffana, um cosmético à base de Arsênio para mulheres utilizarem em seus maridos.

Também foi utilizado no tratamento de sífilis e algumas parasitoses até os anos de 1950. O Salvarsan tornou-se o primeiro medicamento suficientemente seguro para ser administrado aos seres humanos e realmente eficaz contra as bactérias que causam a sífilis. Esse remédio foi substituído posteriormente pela penicilina. Nos últimos anos o trióxido de arsênico foi utilizado no tratamento da leucemia promielocítica quando a terapia não respondia ao ácido transretinoico.

Compostos de Arsênio também foram utilizados com arma química. A levisita (clorovinildicloroarsina), substância sintética à base de Arsênio, é absorvida pela pele e vias respiratórias, induzindo bolhas na pele. Tem ação similar ao gás mostarda, porém tem rápida ação tóxica e desenvolvimento de sintomas.

Apesar desses usos tóxicos e como veneno, o Arsênio é amplamente utilizado em processos industriais e na fabricação de produtos de uso corriqueiro em várias modalidades da engenharia.

Na forma semimetal é utilizado como agente de fusão para metais pesados (como o chumbo, zinco e cobre), em processos de soldagens e na produção de cristais de silício e germânio. Usado também na fabricação de munição, placas de chumbo de baterias elétricas, na produção de ligas, onde os compostos de Arsênio são contaminantes dos minérios, ou na decapagem ácida de superfícies metálicas, processos estes da Engenharia Metalúrgica, de Minas e Mecânica e Química.

Na indústria microeletrônica e de semicondutores, de atribuição de Engenharias como Elétrica, Eletrônica e Química, o gás arsina (AsH3) é usado para depositar Arsênio em microchips e pastilhas de silício. A exposição à arsina pode ocorrer ao produzir, limpar ou recuperar pastilhas de semicondutores tipo p. Também é importante o uso dos compostos inorgânicos de arsênico na fabricação de lâmpadas LED – Light Emission Diode, estando presente na composição dos diodos semicondutores, bem como em painéis fotovoltaicos.

Os diodos, basicamente, são hastes de ligas que podem conter Arsenieto de Gálio, que é um cristal semicondutor, largamente empregado na produção de dispositivos como circuitos integrados para frequência de micro-ondas, diodos emissores de luz infravermelhos, diodos laser, células solares, LEDs comuns, transistores JFET e MOSFET e janelas ópticas.

O Arseniato de Cobre Cromatado (CCA) é um conservante de madeira muito utilizado no tratamento de postes de madeira pela sua eficácia na proteção da madeira contra fungos perfuradores e destruidores da madeira, e cupins, embora os muitos relatos de intoxicação por queima de madeira tratada, sendo atividades sob supervisão de  Engenheiros Florestais e Agrônomos.

O Dissulfeto de Arsênio é utilizado como pigmento (coloração avermelhada) e em fogos de artifício produz a coloração clara. Em fogos de artifício, dada a sua conhecida toxicidade, atualmente é substituído por outros elementos, como alumínio, magnésio ou titânio. Outra aplicação do Dissulfeto de Arsênio é na remoção dos pelos no processo de curtimento.

O próprio Trióxido de Arsênio – arsênico é uma forma comum à venda e encontrada em processos industriais controlados por Engenheiros Químicos e Agrônomos. Utilizado na fabricação de vidros e cerâmicas para evitar a formação de bolhas e para remoção de cor, bem como na forma de arsenito (ex: NaAsO2) é usado como herbicida e como arsenato (ex: Na2HAsO4), é usado em inseticidas.

Do ponto de vista da Engenharia de Segurança do Trabalho, o arsênico – trióxido de arsênio (As2O3) está registrado no Chemical Abstracts Service pelo código CAS 1327-53-3, e vários são os subprodutos também codificados e registrados, que interessam pela gravidade do limite de exposição apresentados ao ser humano, podendo ser fonte geradora de gás e causar graves acidentes e intoxicações.

Observando genericamente do ponto de vista ambiental, uma fonte importante de contaminação atmosférica antropogênica por Arsênio é a queima de carvão mineral, que é naturalmente contaminado por esse metaloide.

É, ainda, um contaminante natural encontrado em águas subterrâneas de certas regiões na Argentina, Bangladesh, Índia, Taiwan, Japão, entre outros países. Em Taiwan ficou famosa a ocorrência de uma doença vascular periférica grave, com gangrenas causada por águas de poços naturalmente contaminada com elevados teores de formas inorgânicas do Arsênio, conhecida do blackfoot disease, ou em tradução livre, doença do pé preto. A inutilização dos poços fez com que a doença fosse erradicada.

Assim, vemos a importância do elemento Arsênio e de seus compostos, que, apesar da toxicidade, tem aplicação importante na indústria, devendo a sua comercialização, armazenamento, processamento e descarte dos produtos que os contêm serem acompanhados por profissionais da área de Engenharia Química, com conhecimento técnico que permita avaliar o comportamento deste elemento diante das mais diversas características dos processos industriais e das interações dos seus compostos no ambiente, protegendo a sociedade, trazendo segurança para os processos e crescimento para a indústria.

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