Primeiro modelo de carro voador no Brasil está em processo de certificação pela Anac
Modelo de carro voador chinês a venda no Brasil pela distribuidora Go Hobby. Créditos: Arquivo Confea
A data programada para ser o "futuro" do filme "De volta para o futuro" foi 21 de outubro de 2015. Na vida real, os carros voadores chegam pouco mais de dez anos depois: está previsto para ano que vem o lançamento dos primeiros eVTOLs no Brasil. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está certificando o EH216-S, modelo distribuído pela empresa Gohobby, fabricada pela chinesa EHang.
EVTOL é a sigla em inglês para "veículo elétrico de decolagem e aterrisagem vertical". São usados para viagens rápidas dentro de uma mesma cidade ou, no máximo, cidades vizinhas, por isso o nome de "carro voador", pois serão integrados à mobilidade urbana, ligando um ponto a outro. A ideia é promover alternativa ao trânsito.
Em 1º de novembro de 2024, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) publicou uma portaria definindo os critérios de aeronavegabilidade para eVTOLs, em resposta a uma provocação da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronaves), que desenvolve o EVE-10. Até então, a Embraer utilizava como base os requisitos contidos nos Regulamentos Brasileiros da Aviação Civil (RBAC).
De acordo com o comandante da Gohobby, Jeovan Alencar, um eVTOL está sendo vendido hoje por US$ 600 mil (R$ 3,7 milhões). A consultoria britânica Deloitte calcula que os eVTOLs irão se tornar populares como meio de transporte na década de 2030. "Este assunto é uma ultranovidade", comenta Jeovan. "A China é o único país que já está com o tema regulamentado, todos os outros países ainda estão estudando a regulamentação".
Segundo Jeovan, a Gohobby já vendeu 17 equipamentos para pessoas físicas e, apesar de ter que ter formação teórica de piloto de avião (além de conhecimentos de informática) para comandar um eVTOL, será possível comprar planos de voo automatizados com caminhos pré-planejados, conforme ele explicou. Além do EH216-S e do EVE-10, o Brasil conta, ainda, com o Gênesis-X1, desenvolvido pelo Instituto Federal do Ceará. O projeto do IFCE conta também com ambulância aérea e eVTOL de combate a incêndio.
A estrutura necessária
Embora algumas cidades sejam bem abastecidas de helipontos, como São Paulo, nem todos eles têm carregadores de veículos elétricos disponíveis, e a autonomia dos eVTOLS costumam ser de cerca de 100 km ou uma hora de voo, precisando de vertipontos, que são helipontos com os carregadores adequados.
Outro ponto é a conectividade: a maioria dos modelos de eVTOLs é autônoma, sem piloto, e 100% dependente de internet. A infraestrutura de conectividade nas cidades será fundamental.
Beatriz Leal Craveiro
Equipe de Comunicação do Confea
Com informações e imagens de G1, IFCE, Anac, Folha e Embraer