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COP-30: desafios do Brasil nas ações de combate às mudanças climáticas


Engenheiro florestal Carlos Roberto Sanquetta, no painel COP-30. Créditos: ArtFoto Produtora

Nesta terça-feira (8), na Arena Inovação durante a 79ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), a presidente do Crea-PA, eng. civ. Adriana Falconeri, mediou o painel “COP-30: o papel do Sistema Confea/Crea e Mútua nas ações globais de combate às mudanças climáticas”. Em 2025, Belém do Pará, sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP-30. O evento trará líderes mundiais, especialistas e organizações de diversos setores para discutir soluções e metas de combate às mudanças climáticas. Entre os participantes que desempenham um papel crucial nessa agenda está o Sistema Confea/Crea e Mútua, representando engenheiros, agrônomos e geocientistas brasileiros.

Presidente do Crea-PA, eng. civ. Adriana Falconeri, foi mediadora do painel

Engenharia como protagonista na sustentabilidade
A engenharia é uma das áreas mais impactadas pelos desafios das mudanças climáticas e também uma das mais cruciais na criação de soluções. Profissionais do Sistema Confea/Crea, como engenheiros ambientais, civis, eletricistas e agrônomos, estão na linha de frente de projetos de infraestrutura verde, energias renováveis e práticas agrícolas sustentáveis. Estes profissionais possuem expertise na criação de alternativas para a redução das emissões de gases de efeito estufa, bem como no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a eficiência energética e o uso consciente dos recursos naturais.

O engenheiro florestal e Ph.D. em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais Carlos Roberto Sanquetta conduziu a palestra sobre a “Descarbonização e projetos de créditos de carbono”. Ao explicar que a descarbonização é uma das principais estratégias globais para combater as mudanças climáticas, Sanquetta abordou os projetos de créditos de carbono na diminuição da crise climática global. O palestrante falou ainda sobre crédito de carbono e a importância de uma regulamentação desse mercado para que o Brasil possa se desenvolver nessa área. “Nós temos um grande desafio que são as mudanças climáticas, para que as próximas gerações tenham condições de viver adequadamente. Os mecanismos são as nossas próprias atitudes e o mercado de carbono que podem ajudar muito nesse processo, financiando as ações e trazendo empregos, renda, e tributos, mas os profissionais das áreas das engenharias podem se beneficiar a partir disso”, comentou Sanquetta.

Agronomia e o papel na alimentação sustentável
A agricultura sustentável é uma das grandes preocupações no cenário das mudanças climáticas. O Brasil, como uma potência agrícola, tem a responsabilidade de balancear a produção de alimentos com práticas que não agravem o desmatamento e o uso indevido de recursos naturais. Durante a programação da Soea, o engenheiro agrônomo Clever Briedis falou sobre a “Recuperação e conservação de solos como estratégia de mitigação do efeito estufa: o papel do Brasil no mundo”. Ele discutiu práticas sustentáveis de manejo e conservação do solo como uma resposta eficiente para reduzir os gases de efeito estufa e melhorar a resiliência agrícola.

Engenheiro agrônomo Clever Briedis sugere a conservação de solos como
estratégia de mitigação do efeito estufa

Segundo Briedis, os agrônomos são agentes transformadores na implementação de técnicas como a agricultura de baixo carbono (ABC) e o manejo sustentável das florestas e solos. “O Brasil tem um potencial enorme no setor agrícola, de atuar como um país líder na mitigação de gases de efeito estufa. O solo tem um grande potencial em sequestrar carbono e a COP-30 precisa ter um enfoque nisso, e associar práticas agrícolas com conservação e recuperação do solo.”

O engenheiro sanitarista Josué da Costa Rocha, diretor-geral da Mútua-PA, trouxe ao debate sua expertise em ações que envolvem tanto o saneamento básico quanto a sustentabilidade no contexto amazônico. Josué afirma que os profissionais das engenharias e agronomia desempenham uma função vital no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e soluções inovadoras que atendam às necessidades urgentes da crise climática no Brasil, mas também precisam estar cada vez mais engajados em iniciativas globais de sustentabilidade. “As habilidades e competências que nós devemos desenvolver só será possível se nos conectarmos a um propósito maior de servir. A engenharia, por si só, não resolve nossos problemas; a não ser que seja voltada para o bem comum. Quando o profissional entender que, ao usar seus talentos voltados para os outros, ele evolui como ser humano, todo o mundo será beneficiado”, comentou Rocha.

COP-30: um momento decisivo
Com o Brasil como anfitrião da COP-30, os profissionais das engenharias terão uma oportunidade única de destacar globalmente as soluções que vêm sendo desenvolvidas no país. A conferência será uma plataforma para apresentar as inovações brasileiras, desde a utilização de biocombustíveis até a gestão sustentável de resíduos sólidos, passando por práticas de construção civil ambientalmente viáveis.  A integração entre diferentes setores, como indústria, agricultura e infraestrutura, será essencial para avançar na agenda climática global.

O cientista político Eduardo Queiroz abordou o tema “Cooperativismo sustentável”, trazendo à tona como as cooperativas podem desempenhar um papel fundamental na promoção de práticas agrícolas e empresariais sustentáveis, que beneficiam tanto o meio ambiente quanto a economia local. “Atualmente nós temos dois grandes desafios e o mundo todo está de olho no Brasil. O primeiro é o do aquecimento global e o segundo é do combate à fome no mundo. E o Brasil é um player estratégico nessas duas temáticas. Nesse sentido, a gente tem na COP-30 do ano que vem uma oportunidade muito grande de fazer uma discussão aprimorada para nossa realidade, de forma a fomentar, ter o reconhecimento e deixar a produção brasileira à vista do mundo como uma produção sustentável. E o cooperativismo brasileiro tem um papel fundamental nessa questão, porque são negócios feitos por pessoas, para pessoas nas comunidades. Essa implementação das ações de mitigação passa necessariamente pelo cooperativismo brasileiro”, mencionou Queiroz.

Eduardo Lima Queiroz é cientista político e coordenador de ações governamentais do sistema OCB

O futuro em nossas mãos
Diante de uma crise climática que não espera, o Sistema Confea/Crea e Mútua entende que a engenharia, a agronomia e a tecnologia são ferramentas indispensáveis para enfrentar os desafios futuros. Uma das grandes ações do Confea contra a crise climática é a Soea de 2024, um evento Carbono Neutro, com práticas e iniciativas voltadas para minimizar o impacto ambiental, como o incentivo ao uso de transporte coletivo e a redução de plásticos.  

A participação ativa na COP-30 é uma demonstração clara do compromisso do Brasil em desempenhar um papel significativo nas soluções globais para um planeta mais sustentável. Com a expectativa de que a COP-30 traga resultados concretos, o papel dos profissionais do Sistema Confea/Crea nessa jornada se mostra indispensável, guiando os passos do Brasil rumo a um futuro mais sustentável e resiliente.


Reportagem: Daniel Lobato (Crea-AC)
Edição: Julianna Curado (Confea)
Equipe de Comunicação da 79ª Soea
Fotos: ArtFoto Produtora

 

 

 

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