Gaúchos viajam a Portugal para se especializar em Segurança Contra Incêndio
Professor e Eng. Civ. Fabrício Bolina, coordenador do curso de especialização em Segurança contra Incêndio da Unisinos. Créditos: Arquivo CREA-RS
Entre o final de outubro e início de novembro, um grupo de profissionais do Rio Grande do Sul partirá rumo a Lisboa, em Portugal, para participar de um curso em Segurança Contra Incêndio com foco em controle de fumaça em edificações. Ao todo, 20 profissionais, entre engenheiros e arquitetos, permanecerão sete dias estudando em tempo integral no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
O curso é promovido pela Especialização em Segurança Contra Incêndio em Edificações da Unisinos e tem como objetivo permitir que os profissionais possam buscar um conhecimento que ainda é pouco abordado em cursos de aperfeiçoamento no país. O grupo se reuniu em agosto na Unisinos para acertar os últimos detalhes e preparativos para a viagem.
A relevância do curso está relacionada à necessidade de especializar profissionais em áreas específicas de Segurança Contra Incêndio. “Não se tinha uma disciplina com enfoque exclusivo em Segurança Contra Incêndio. Ainda hoje temos esta lacuna em algumas universidades, e precisamos fomentar cursos e discussões com este enfoque”, declara o professor e Eng. Civ. Fabrício Bolina, coordenador do curso de especialização em Segurança contra Incêndio da Unisinos.
Segundo o Engenheiro, a fumaça constitui uma das principais causas de mortes em um incêndio, pela inalação dos produtos de combustão, às vezes tóxicos, produzidos na pirólise dos materiais. “Precisamos formar uma massa crítica de profissionais que apliquem corretamente os requisitos de segurança ao incêndio em seus projetos e construções, façam o bom uso da legislação e normatização, pratiquem a boa Engenharia e entreguem, cada vez mais, edificações seguras para a sociedade.”
A familiaridade com a língua, a ocorrência de sinistros como incêndios severos e o conhecimento desenvolvido sobre o tema tornam Portugal o destino apropriado para aprofundar os conhecimentos em Segurança Contra Incêndio, afirma o professor, visto que os europeus já vivenciaram as situações pelas quais os brasileiros passam atualmente. O curso será ministrado pelo professor português Dr. João Viegas, especialista em controle de fumaça e referência internacional sobre o tema.
O curso pretende abordar os principais aspectos deste tipo de sistema, assim como requisitos normativos, dimensionamento, equipamentos e aplicações práticas. Ainda, os alunos irão desenvolver cálculos e simulações por meio de ferramentas computacionais, como Fire Dynamics Simulator, PyroSim e Cfast, visando o domínio do funcionamento destes sistemas em cômodos susceptíveis a incêndios. “Esses softwares são bastante avançados, e aqui no Brasil ainda não temos profissionais a número interessante que dominem esse tipo de ferramentas”, afirma.
Os sistemas são como simuladores de incêndio que permitem analisar de forma realística o que acontece dentro de determinada edificação no ato do incêndio, como a temperatura a qual os possíveis usuários serão submetidos, qual a eficiência das exigências ou dos sistemas pretendidos etc.
Assim, ao analisar como o incêndio se desenvolve na edificação, será possível propor sistemas para os pontos mais críticos – e não apenas em termos de fumaça, garante o Engenheiro. As ferramentas computacionais auxiliarão os profissionais a obter uma maior eficiência no projeto, otimizando-o, oferecendo mais segurança e reduzindo custos.
No regresso ao Brasil, os profissionais ganharão um certificado internacional e estarão aptos a atuar nesse tipo de projeto. O RS contará com mais 20 especialistas no tema, adentrando uma vanguarda nacional. “Estamos numa vitrine muito grande no Brasil. Precisamos seguir evoluindo e buscar lacunas específicas de conhecimento na área da Segurança Contra Incêndio”, ressalta.
Segundo o professor, é inegável que o Estado avançou após o caso da Boate Kiss e, atualmente, já está se igualando aos Estados que são referência na área. “Vamos buscar divulgar o Rio Grande do Sul, mostrar que temos uma nova era da Segurança Contra Incêndio do nosso Estado. Tivemos um sinistro que nos marcou negativamente e, agora, estamos tentando reverter isso. Precisamos evoluir de mãos dadas, sob todas as esferas, e a busca por conhecimento é fundamental”, conclui.